A escalada de tensões entre China e Filipinas, no Mar da China Meridional, preocupa governos e analistas ao redor do mundo. Com o aumento das atividades militares e ações hostis entre navios de ambos os lados, especialistas temem que um incidente isolado possa evoluir para uma crise geopolítica de grandes proporções.
Na última segunda-feira, um navio filipino que transportava suprimentos para o destacamento militar filipino no Recife Ayungin foi interceptado pela guarda costeira chinesa. O confronto incluiu o uso de canhões de água e bloqueios físicos, resultando em ferimentos em dois marinheiros filipinos e danos ao casco da embarcação.
O presidente filipino, Andres Bautista, condenou o ato como uma “violação flagrante da soberania nacional” e solicitou a intervenção dos Estados Unidos, evocando o Tratado de Defesa Mútua de 1951.
A China rebateu, afirmando que o navio adentrou “águas territorialmente chinesas” e que a ação foi “necessária e proporcional”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Lei, declarou que "a China continuará a defender sua soberania com firmeza".
Dr.ª Laura Mesquita, professora universitária de Relações Internacionais
“Estamos diante de um tabuleiro onde cada movimento tem peso estratégico. A China está testando os limites da reação internacional, enquanto os EUA tentam manter sua influência na Ásia-Pacífico. Se não houver uma mediação diplomática efetiva, podemos ver uma escalada como a da Crise dos Mísseis de Cuba, mas no mar.”
O Japão manifestou apoio às Filipinas e convocou uma reunião de emergência com a ASEAN. Já os EUA posicionaram mais dois navios de guerra na região, elevando a tensão. A Rússia, por sua vez, declarou “apoio à integridade territorial chinesa”, sinalizando um possível alinhamento estratégico.